O que é proposição legislativa e quais os tipos usados nas Câmaras Municipais?

Vereadores reunidos em uma sala de reuniões da câmara municipal, discutindo documentos sobre proposição legislativa. A imagem mostra homens e mulheres em trajes formais sentados ao redor de uma mesa, analisando e debatendo propostas que impactam a população local, com a cidade visível ao fundo pela janela.

Você sabe o que é uma proposição legislativa? Se você é vereador ou atua nos bastidores de um mandato, precisa entender esse conceito, pois ele é essencial para propor ideias, fiscalizar o Executivo e fazer valer o seu papel no Legislativo.

Muita gente pensa que o trabalho parlamentar se resume a criar leis, mas na prática, o papel do vereador vai muito além disso. Então, continue lendo este artigo para descobrir o que é proposição legislativa, quais são os principais tipos usados nas câmaras municipais, como e quando utilizar cada tipo de proposição, pois ter esse conhecimento vai tornar seu mandato muito mais eficaz.

O que é proposição legislativa?

A proposição legislativa é todo documento formal — apresentado por um agente com legitimidade para tal  É a maneira institucional que o parlamentar tem para exercer suas funções. 

Ela pode ter objetivos distintos, como criar ou alterar normas jurídicas; fiscalizar o Poder Executivo; reorganizar o funcionamento da Câmara; ou sugerir medidas à administração municipal.

Em outras palavras, é o instrumento que transforma uma ideia em algo concreto dentro do jogo político.

ATENÇÃO: proposição não é preposição (como na gramática)! Também não se limita a projetos de lei. Essa é uma confusão comum entre aqueles que estão começando.

Quais são os principais tipos de proposição legislativa?

No Brasil, o funcionamento das Câmaras Municipais segue o princípio da simetria com a Constituição Federal. Isso significa que muitas das espécies normativas da União (como projeto de lei, decreto legislativo, resolução etc.) também se aplicam aos municípios – com as devidas adaptações, é claro.

Proposta de Emenda à Lei Orgânica 

A Lei Orgânica Municipal é a “Constituição” da cidade. Para modificá-la, é preciso apresentar uma Proposta de Emenda, que deve seguir tramitação especial e quórum qualificado.

Quando usar:

  • para fazer alterações estruturais na organização do município;
  • para gerar mudanças nas competências do Legislativo e Executivo;
  • para definir regras sobre orçamento, educação, saúde etc.

Exige votação em dois turnos e aprovação por 2/3 dos vereadores.

Projeto de Lei Complementar 

Regula temas que exigem tratamento mais rigoroso, normalmente previstos na própria Lei Orgânica.

Exemplos comuns:

  • Código Tributário do Município;
  • Plano Diretor;

Exige maioria absoluta para aprovação 

Projeto de Lei Ordinária 

É o tipo mais frequente de proposição legislativa. Regula matérias do cotidiano da cidade: transporte público, educação, meio ambiente, cultura, saúde etc.

Quando usar:

  • para criação de políticas públicas;
  • para definição de regras gerais para serviços municipais;

Aprovado por maioria simples 

Projeto de Decreto Legislativo 

Usado para atos exclusivos da Câmara, sem necessidade de sanção do prefeito.

Exemplos:

  • aprovação ou rejeição das contas do Executivo;
  • concessão de títulos honoríficos (cidadão honorário, medalhas);
  • sustação de atos normativos do Executivo que exorbitem seu poder.

Projeto de Resolução 

Serve para organizar o funcionamento interno da própria Câmara, sem necessidade de sanção do prefeito..

Aplicações práticas:

  • para criação de Comissões Permanentes ou Temporárias;
  • para alterações no Regimento Interno;
  • para regulamentação de sessões solenes, uso da tribuna etc.

E as proposições não normativas?

Além das proposições que geram normas jurídicas, existem aquelas que não têm força de lei, mas cumprem papel fundamental no mandato. São ferramentas de sugestão, controle e organização dos trabalhos parlamentares. Vamos falar mais delas abaixo.

Indicação

A indicação é uma sugestão formal do vereador ao prefeito. Ela propõe ações que o Legislativo não pode executar diretamente, mas que são de interesse da população.

Exemplos:

  • troca de lâmpadas em bairros;
  • construção de praças;

Não tem caráter obrigatório, ou seja, o prefeito pode ou não atender.

Requerimento

Usado para solicitar informações, convocar autoridades, pedir documentos ou outras providências que reforçam a função fiscalizatória do vereador.

Exemplos:

  • pedido de explicações sobre contratos públicos;
  • requisição de dados sobre gastos com saúde;
  • convocação do secretário para audiência.

Alguns requerimentos são deliberativos e precisam ser votados.

Emenda

Modifica o conteúdo de outras proposições em tramitação, como projetos de lei, resoluções ou decretos.

Tipos de emenda:

  • aditiva (acrescenta texto);
  • supressiva (retira partes);
  • substitutiva (troca um trecho por outro);
  • modificativa (ajusta o texto).

Requer cuidado técnico e, muitas vezes, análise da assessoria jurídica da Câmara.

Parecer

É a opinião técnica ou política das comissões permanentes ou temporárias sobre determinada proposição.

Tipos de pareceres:

  • jurídico;
  • contábil;
  • de mérito (quando avalia o conteúdo da matéria);
  • de inconstitucionalidade.

Outros tipos

Dependendo do Regimento Interno da Câmara, ainda podem existir:

  • Pedido de informação (similar ao requerimento);
  • Pedido de providência (próximo à indicação);
  • Moções, votos de pesar ou congratulações;
  • Recursos (usados para contestar decisões da Mesa Diretora).

Como saber qual proposta legislativa usar? 

Uma dúvida comum entre vereadores iniciantes é: como saber qual instrumento usar para cada situação?

Aqui vai uma tabela com algumas dicas práticas:

Situação Proposição ideal
Criar uma norma jurídica  Projeto de Lei Ordinária ou Complementar
Sugerir ação ao prefeito Indicação
Solicitar informações ao Executivo Requerimento
Julgar as contas do Prefeito Decreto Legislativo
Alterar Regimento da Câmara Projeto de Resolução
Corrigir um Projeto em tramitação Emenda
Reorganizar a estrutura do Município Proposta de Emenda à Lei Orgânica

Vereador, você precisa dominar as proposições legislativas!

A proposição legislativa é a base do trabalho parlamentar. Ela é o canal que transforma ideias em ações concretas dentro do Legislativo. Saber o que é, quais são os tipos e quando usar cada um é o que diferencia o vereador que atua com estratégia daquele que atua no improviso.

Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Política Municipal (IBPOM) está com as matrículas abertas para o curso “Método Vereador Atuante”, uma capacitação completa para quem deseja legislar e fiscalizar com conhecimento e segurança. 

Todo o conteúdo do Método Vereador Atuante – MVA é coordenado pela Professora Mônica Lopes, fundadora e CEO do instituto, que é especialista em consultoria legislativa para Câmaras Municipais e Mandatos Legislativo. Não perca essa oportunidade de turbinar o seu mandato ou assessoria parlamentar. 

 

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